por um fio
foi a linha, o fio e o desenho que me conduziram
nesse trabalho. primeiro, as linhas das encantadoras letras árabes curvas, encontradas em cartas antigas. essa escrita feita por alguns dos meus antepassados amorosos é de díficil decifração pelos tradutores contemporâneos por terem sido escritas à mão. elas permanecem ainda indecifradas para mim. não sei o que dizem, mas me lembro que meu avô as lia, relia e muitas vezes chorava.
ninguém mais, desde esses tempos remotos, teve contato com elas. o que dizem elas, essas cartas vindas de uma família separada pelas circunstâncias da vida sem ser por escolha de direção? Foi só durante a produção da exposição que consegui a leitura de uma das cartas por uma artista-colaboradora libanesa, Jamal Tayara-Baroudy. mas o significado das cartas ainda está por vir...
carta das montanhas brancas / voz da artista Jamal Tayara-Baroudy
nessa escrita simbólica em que homenageio esses antepassados, utilizei os cabelos cacheados da minha mãe, meus e da minha filha, herdados desse mesmo avô, imigrante libanês do começo do século xx, que nunca mais voltou à terra de origem. ali desenhados, eles contêm o dna que me liga a essa família perdida, nunca mais contactada. as ondas naturais desses cabelos poderiam me levar até as origens remotas, pelo mar interior do carinho e da memória...
fio da vida
áudio de vane barini abaixo
arquivos órfãos
2019
arquivos órfãos, poéticas de adoção e re-existências de imagens mac, campinas, sp
curadoria de Fabiana bruno
A exposição “Arquivos órfãos: poéticas de adoção e re-existências de imagens”, sob a curadoria de Fabiana Bruno, curadora e pesquisadora da Imagem, reuniu uma farta produção com trabalhos de 18 artistas, a participação de conferencistas e um calendário de oficinas, visitas guiadas e performances abertas à comunidade durante todo o período em que a mostra esteve aberta ao público, com entrada gratuita.
Segundo a curadora, o público visitante se viu envolvido numa atmosfera de produção artística, a partir de movimentos de rememoração e de imaginação, revelando outros meios do fazer artístico na sociedade da imagem e do esquecimento. “A imagem no mundo não é apenas mais um fenômeno técnico de reprodutibilidade técnica, mas sim um veículo de guarda de sentidos para a reflexão sobre a memória e a própria história do mundo. A produção artística e suas indagações nos afetam e nos incitam a desenhar outras questões sobre o mundo e outros mundos”, comentou.
A exposição teve como propósito convidar à reflexão sobre a vida dos arquivos de imagens, especialmente os arquivos anônimos, categoria de acervo de memórias que ao longo da história contemporânea tem revelado diversas formas de existência e de resistência à cultura ocidental. Os arquivos anônimos têm como berço inaugural os álbuns de famílias, mais recentemente destituídos de valorização e descartados do convívio afetivo na vida cotidiana e privada.
imbar
Um negativo é a inexistência de alguma coisa, algo a ser descoberto, desvendado, como um fóssil... é o prenúncio de um acontecimento a ser revelado, que vem de outros tempos, que já foi...uma relíquia ou uma velharia, um tempo expirado. É a sobrevivência da possibilidade de uma descoberta ancestral. Ele revela sua origem, permite que se reconstitua seu original, mas não se dá por inteiro... é uma imagem que sobrevive, um passado que se foi. E até que ponto ela pode resistir ao tempo?
IMBAR (fóssil), uma foto de família guardada com afeto dentro de uma carta antiga, só recentemente redescoberta. Dentro desse âmbar, ela se mantém preservada como tantos vestígios preciosos do passado que eventualmente chegam até nós.
imbar / fotos tácito
quase escondido
quase escondido
15.09.2017 lançamento - fotô editorial– sp
2018 lançamento do livro na feira zum, ims-sp
lançamento do livro na sp-arte sp
festival de fotografia de tiradentes
selecionado para participar das seguintes feiras e prêmios internacionais: athens photo festival – greece/
festival de la luz, b aires/ prêmio pierre verger/ la conservadorie, metz, frança
prêmio pierre verger/ ponticia universidad javeriana, bogotá – colombia
2020 selecionado pelo fotô editorial para a sp-arte on-line
“a artista visual vane barini investiga poeticamente a história do casamento de sua mãe, repleta de sobressaltos tendo a fotografia que consumou o enlace matrimonial como fio condutor. livro de extrema delicadeza com um final surpreendente. sete décadas se passaram no tempo infinito da fotografia e na vida da protagonista deste roman-photo. do desejo à angústia dos preparativos à realização, do medo à certeza de ter feito o que se fez, apreendemos por meio desses pedaços visuais, extraídos e multiplicados, sobrepostos e acrescidos o tempo circular e suspenso do amor absoluto.”
Fabiana bruno
Fabiana Bruno - organizadora
este livro
está disponível em fotoeditorial.com/loja
500 exemplares assinados e numerados
Título: Quase Escondido - 1ªed.(2017)
ISBN: 9788563824097
Idioma: Português
Encadernação: Brochura
Formato: 10,5 x 15
Páginas: 112
Ano de edição: 2017
fotô editorial / vídeo Sheila oliveira